terça-feira, 18 de maio de 2010

A IMPORTANCIA DO ROTARY PARA A SUSTENTABILIDADE DAS SOCIEDADES CONTEMPORANEAS

Rotary Club de Salvador Novo Centro e Alphaville

Terça-feira, 18 de maio de 2010.


Sustentabilidade é a palavra chave deste início de século. É tal qual a maravilha que de repente tornaria socialmente justo o lucro, convalidaria o capital, a tecnologia, o livre mercado e a livre iniciativa. Seria uma palavra arbitral e referencial virtual de tudo. E ainda criaria uma justificativa para o consumo desenfreado dos recursos naturais com base no pensamento de que “algum impacto é necessário e o crescimento é o modo de aliviá-lo”.


Ainda bem que existem outras acepções para o termo. Sustentabilidade, tal qual a perfeição é um desiderato e não uma solução concreta e visível, já experimentada com sucesso e, conseqüentemente, replicável. Não há benchmarks para perfeição, não há bench-marks para sustentabilidade e isto torna o conceito algo flexibilizado e pouco adamante, como desejariam alguns planejadores.


Muitos admitem que para alguma coisa ser sustentável seria preciso interromper o ciclo vicioso das perdas e que geram a insustentabilidade. Joseph Juran, um dos pais da qualidade total, admitia como um requisito de busca da qualidade a luta constante para eliminar as perdas e imperfeições. Seria isto uma visão negativista das coisas? Ou com o pé na visão realista, estaria esboçando o passo decisivo para a sustentabilidade econômica e social do Japão, depois de destruído pela Guerra Mundial?


Quais seriam os suportes, digamos assim, ou premissas, da sustentabilidade? Muitos. Cada autor inventa um novo. O mais comum é considerar: integridade ecológica respeitada, equidade social, viabilidade econômica, educação contínua e reavaliação comparativa dos resultados e novas previsões.

À equidade social se pode chagar com a capacitação para a inclusão. Algo tipo educação para a inovação. Aparentemente, sem inovação, a sustentabilidade é impossível de ser buscada. A viabilidade econômica é possível com o crescimento. Aumentando-se a escala e modernizando-se os fluxos a eficiência melhora e se reduz perdas e resíduos. A integridade ecológica é tida como possível ser mantida, desde que haja uma gestão participativa e cuidadosa.


De um modo geral, para o mundo ser sustentável será preciso continuar gerando riquezas cada vez maiores e mais bem distribuídas, mas no âmbito do CONHECIMENTO HUMANO. Este é o único recurso realmente renovável e cuja distribuição e o uso o faz crescer e, mesmo, impede sua degeneração. Neste sentido conhecimento é semelhante a VIDA, e INOVAÇÃO é uma ferramenta anti-entrópica. E para existir a inovação ela precisa ser acelerada por um processo de motivação e de capacitação das pessoas envolvidas, num patamar de qualidade melhor que o simples mercado livre poderia possibilitar pela simples oferta e procura. Mas como poderíamos separar o “capacitar” dos processos elementares do “viver”?


É isto que o Rotary nos pode trazer – ao estimular a AMIZADE e o COMPANHEIRISMO E O IDEAL DE SERVIR. O COMPANHEIRISMO ATIVO interligando melhor as pessoas e com o ideal de “servir antes de ser servido”, corrige-se a tendência naturalmente eutrófica da vida natural e se atenua o conceito de “sobrevivência dos mais fortes”. Transmuta-se a competição pela extração predatória de recursos naturais, para soluções concorrentes e menos perdulárias, digamos do tipo “ganha-ganho”.


Ainda que a conceituação de servir e de bem seja muito ampla e livre, Como disse, o Rotary é uma associação para SERVIR e gerar o BEM. Tal busca é uma grande desafio somente alcançável para os rotarianos se fortalecerem a AMIZADE e o COMPANHEIRISMO, sem dogmas, sempre enfatizando a ética no exercício das profissões e uma preocupação internalizada para com a COMUNIDADE.


No Brasil, além desta intenção o Rotary a isto se obriga, como entidade da Coletividade, pois o Artigo 225 da Constituição Federal assim determina, para a defesa do bem ambiental de uso comum do povo e essência de vida com qualidade. Não há outra opção para o Rotary, pois lhe cabe este dever de defender e preservar o meio ambiente para as presentes e futuras gerações.


Numa escala mais universal, a Prova Quádrupla idealizada pelos rotarianos conduz a atitudes mais responsáveis para com o ambiente e a sociedade mundial. Mas será que sabemos o que é UMA VERDADE? Será que sabemos aferir o que é JUSTO para com todos os interessados? Quanto a criar boa vontade e novas amizades, podemos perceber e aferir isto no processo. Quanto a ser de interesse de todos os participantes podemos também verificar. De um modo geral utilizando-se a Prova Quádrupla antes de decidir dificilmente vamos causar danos significativos aos outros e ao meio ambiente.


Em seus objetivos o Rotary acena com alguns caminhos para a sustentabilidade com o ideal de SERVIR: 1. Amizade e companheirismo como se fosse uma grande rede de cooperação num sentido do bem servir e de melhor integra um ao outro, melhorando a eficiência e a eficácia global; 2. Com ética no exercício das profissões - nada precisa mais de ética profissional que a busca da sustentabilidade; 3. Comunidade internalizada em nossas ações – é ai que a equidade intra-geracional se mostra – “compaixão sendo uma forma de humanidade universal”. É também ai que outro princípio de sustentabilidade se mostra na prática - a equidade inter-geracional, na adoção de padrões de consumo mais prudentes. 4. A fraternidade, quarto objetivo, é algo mais difícil de universalizar ainda que seja crucial. Como admitir sustentabilidade num mundo de guerras e revoluções e em que ainda impera o autoritarismo.


No sentido da sustentabilidade pessoal dos rotarianos, analisarei o meu caso pessoal. Tenho tido sempre bons resultados ao aplicar os princípios e os ideais rotários, mas analisando nossa organização global e como um rotariano tenho uma visão crítica construtiva de a sociedade esperaria muito mais de nós do que estamos proporcionando a ela. A nossa entidade tem um assento na ONU e isto nos obrigaria a muito mais do que estamos conseguindo dar ao mundo.


Não podemos nos dar ao luxo de continuar sendo reativos a muitas coisas e apenas assistencialistas em outras. Ainda que o balanço anual de nossas ações não reflita tudo o que os rotarianos por si próprios contribuem por ai ao cumprirem seus papeis de cidadania.


Sem esquecermos de que muitos rotarianos concordam em que precisamos tornar nossa entidade mais palatável aos anseios do mundo atual.


Com efeito, sustentabilidade ambiental se propicia com inovação, aumento do trabalho humano nos fluxos e extensão da vida útil dos serviços e produtos. Parece tudo simples, mas não é. Inovar é muito mais que inventar ou replicar boas práticas. É preciso objetivar os serviços dos produtos, preferindo as economias tipo “lago” em vez das tradicionais economias tipo “rio” que objetivam a colheita de recursos rio acima e a distribuição de produtos e resíduos rio abaixo, nas palavras do professor suíço de riscos Walter Stahel. O ideal mesmo ser caminhar para a economia de performance, com o Estado fazendo seu papel ao cumprir sua Agenda 21, reduzindo a taxação do trabalho humano e lutando pelos Objetivos do Milênio.


Concluo abrindo para uma reflexão, caros amigos. Falamos de BEM SERVIR, falamos de VERDADE, falamos de AMIZADE e HUMANIDADE. Lembremos mais uma vez Lessing o pioneiro da nova literatura e das artes cênicas, também da filosofia alemã: “basta ser um ser humano”, permeiam as peças, a que corresponde o apelo “seja amigo”.


Apesar das diferenças entre as noções de possuir uma verdade e estar certo, estes dois pontos de vista têm algo em comum: os que assumem um ou outro não está preparados, em caso de conflito, para sacrificar seu ponto de vista à humanidade ou à amizade” – é nisto que nós Rotarianos, com o COMPANHEIRISMO, tentamos adotar uma atitude distinta do que seria o normal do homem e que prejudica o SER SENDO COM OS OUTROS E COM O AMBIENTE.


A tendência de acumular em detrimento dos outros e do meio está é uma outra tendência do homem, que nós também temos o dever de, pela ETICA PROFISSIONAL, sempre reorientar para atitudes mais equânimes intra e inter-geracionalmente falando.


Temos a obrigação, amigos de colocar o Rotary neste grande desafio da humanidade – permanecer sendo sustentável.


“Que cada um diga o que acha que é verdade, e que a própria verdade seja confiada a Deus!


O companheirismo deve ser visto como a anti-entropia dos processos sociais que poderiam levar os seres humanos em seu conjunto ao estado original de HUMUS, conforme reza a fábula do homem, mencionada por Heidegger na introdução de sua tese sobre “Ser e Tempo”.


O deidade Cura atravessava um rio, quando avistou uma bela peça de argila. Tomou-a. Moldou-a. A forma resultante era ainda mais bela. Passava por ali Júpiter. Chamou-o e lhe pediu que desse alma à peça. Júpiter logo o fez e também ficou surpreso. Quis nomear-lhe em sua homenagem. Logo depois Tellus (Terra) também teve sua atenção chamada e quis também dar seu nome à criatura. O conflito e os ciúmes entre as divindades cresceram. Optaram por confiar a saturno a arbitragem e assim decidiu ele: Cura que inventou e moldou cuidará da criatura enquanto ela viva for. Júpiter que lhe deu alma, receberá seu espírito depois que ela morrer. Mas a homenagem vai para V. Terra: a criatura de denominará HOMEM, pois homem é húmus e húmus é V. Terra.


Parece-me unanimidade o papel do Rotary para com a sustentabilidade das sociedades contemporâneas. O que nos desafia é o como pensar este papel e como colocá-lo ma prática, o melhor e o mais oportunamente possível.


Obrigado amigos

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